sábado, 23 de julho de 2011

Dei à luz, mas está tudo escuro...

Minha mãe me contou que há mais de 40 anos, quando deu à luz a sua primeira filha, alguns dias depois do parto, ainda na maternidade (naquela época a mulher ficava 7 dias internada), começou a se sentir mal, com uma vontade incrontrolável de chorar, de não ver ninguém... Não sabia o que estava sentindo e sua mãe perguntava para ela: "Mas porque você está assim, acabou de ter uma filha linda!". E ela ficou lá, dias se sentindo mal e teve de aguentar firme, até aquela sensação horrível passar, quase 30 dias mais tarde. Quando tive minha primeira filha, cheguei em casa 3 dias após o parto e no dia seguinte comecei a me sentir mal. Chorava sem parar, sentia um aperto no peito... Segurei a onda e em uma semana, passou. Assim como veio, foi embora. No meu segundo filho, no terceiro dia depois de dar à luz, comecei a me sentir mal, ainda na maternidade. No dia seguinte, quando ia ter alta, fui piorando... Tomei uma decisão e falei para meu obstetra o que estava sentindo. Ele explicou que era normal, que era hormonal e perguntou se eu queria tomar algo para aliviar os sintomas. Disse que queria, pois estava com uma angústia horrível, uma vontade incrontrolável de chorar, a impressão de que havia uma nuvem cinza em cima da minha cabeça que não em deixava enxergar direito... Comecei a tomar o remédio. Tomava um de manhã, passava o dia bem, mas quando chegava o fim do dia e o efeito passava, pronto, começava tudo de novo. Só podia ficar com meus pais e meu marido. Não podia ver mais ninguém. Só em pensar em uma visita me dava desespero! Liguei para o obstetra e, aos prantos, perguntei se podia aumentar a dose. Não queria ficar daquele jeito e também não queria minha filha mais velha me visse sofrer (estava cada dia mais difícil disfarçar). Ele disse que eu poderia tomar dois comprimidos por dia, de manhã e à noite. Resolveu! Tomei o remédio por 40 dias e então resolvi tentar parar. Consegui, a depressão tinha passado.

Compartilho aqui esta minha experiência pois descobri como é comum dar à luz e ficar deprimida depois. Algumas mulheres têm depressão até mais forte, chegam a rejeitar o bebê. Uma amiga minha ficou como eu, tomou o mesmo medicamento e melhorou. Depois dela, soube de diversas outras amigas e conhecidas com o mesmo problema. Atualmente tem solução, o remédio não faz mal, pode ser cortado a qualquer momento (não é daqueles antidepressivos que precisam ir diminuindo a dose progressivamente) e até aumenta o leite materno. Não é preciso sofrer mais e, diferentemente da época de nossas mães, todo mundo entende o que está acontecendo. Cuide-se e seja feliz com seu bebê no colo!

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